A infância é uma fase de descobertas, aprendizado e formação da personalidade. Mas também pode ser um período de conflitos emocionais, inseguranças, ansiedade, dificuldades de socialização e comportamentos que chamam atenção. É nesse contexto que a Terapia Ocupacional tem um papel essencial na promoção e no cuidado da saúde mental infantil.
Diferente do que muitos pensam, a saúde mental não se resume à ausência de transtornos. Ela envolve o bem-estar emocional, a capacidade de se relacionar, de lidar com frustrações e de se expressar no mundo. Algumas crianças, por diferentes motivos — como traumas, dificuldades familiares, transtornos do neurodesenvolvimento ou problemas escolares — apresentam sinais de sofrimento psíquico, muitas vezes confundidos com birra ou “má conduta”.
Entre os sinais mais comuns estão: isolamento, agressividade, dificuldade de concentração, regressão de comportamentos (como voltar a fazer xixi na cama), baixa autoestima, medo excessivo, recusa escolar ou dificuldade de se adaptar a mudanças.
Na Terapia Ocupacional, identificamos esses sinais por meio de uma escuta sensível e da observação do brincar, do corpo e das interações da criança com o ambiente. Trabalhamos para fortalecer o emocional da criança por meio de atividades significativas e expressivas, respeitando seu ritmo, linguagem e história.
Uma das ferramentas mais potentes nessa área são os grupos terapêuticos. Neles, a criança tem a oportunidade de experimentar o convívio com outras crianças em um ambiente seguro e acolhedor, onde são trabalhadas habilidades sociais, cooperação, empatia, limites, autoestima e comunicação. Brincadeiras dirigidas, dramatizações, jogos simbólicos e oficinas são alguns dos recursos utilizados para favorecer o desenvolvimento emocional.
Esses grupos são conduzidos com objetivos clínicos claros e sempre com mediação profissional. Eles oferecem um espaço onde a criança pode expressar seus sentimentos, vivenciar diferentes papéis sociais, elaborar conflitos internos e desenvolver estratégias para lidar com suas emoções.
Além disso, a parceria com a família é essencial. Orientamos os pais sobre como acolher emocionalmente seus filhos, como lidar com comportamentos desafiadores e como criar uma rotina que promova segurança e pertencimento. Cuidar da saúde mental infantil é investir em um futuro mais equilibrado e saudável.
A Terapia Ocupacional, nesse processo, não busca moldar a criança, mas ajudá-la a se compreender, a se fortalecer e a ocupar seu lugar no mundo com confiança. Na próxima coluna, vamos falar sobre adaptações e recursos para o cotidiano de pessoas com deficiência visual. Até lá!