Durante muito tempo, disseram — sem dizer — que pessoas com deficiência não sentem desejo.
Que não amam.
Que não seduzem.
Que não sonham com o toque, com o beijo, com o arrepio da pele.
Durante muito tempo, olharam para essas pessoas só pela lente da limitação e esqueceram da imensidão que existe além do corpo.
Mas a verdade é que a deficiência não anula a sexualidade.
Não apaga o desejo.
Não rouba a vontade de viver o amor — com corpo, com alma e com afeto.
Pessoas com deficiência amam.
Desejam.
Se apaixonam.
Se emocionam.
E sentem prazer — prazer físico, prazer de troca, prazer de vínculo.
Sim, às vezes o caminho é outro.
Às vezes o corpo pede adaptações, posturas diferentes, conversas mais abertas, toques mais cuidadosos.
Mas isso não diminui a potência do encontro.
Só amplia as possibilidades dele.
A sexualidade é parte da vida de todo ser humano.
É expressão de quem somos.
É comunicação de afeto, de desejo, de identidade.
E é justamente por isso que falar de inclusão não é só falar de rampas e acessos.
É falar também de visibilidade afetiva.
De reconhecer que pessoas com deficiência têm direito a namorar, casar, ter filhos — ou não.
Têm direito a viver relações livres de preconceito, de infantilização, de silenciamento.
Que a inclusão vire rotina.
Que possamos ver casais diversos nas novelas, nos filmes, nas propagandas, nas ruas — sem olhares de espanto.
Que possamos ensinar às próximas gerações que corpos diferentes também amam, também sentem, também desejam.
E que a gente aprenda, de uma vez por todas, que o que faz um corpo ser belo, interessante e desejável…
… não é a ausência de limitações, mas a presença de humanidade.
Porque, no fim, todos somos feitos da mesma matéria:
Vontade de amar e ser amado.
Desejo de tocar e ser tocado — com respeito, com cuidado, com verdade.
Que a inclusão, na sexualidade também, não seja exceção.
Que seja regra.
Que seja rotina.
Que seja vida.