
Você já percebeu uma criança que se incomoda com etiquetas na roupa, tem medo de escorregadores ou não gosta de tocar certos alimentos? Ou, ao contrário, aquela que busca constantemente apertar objetos, pular, se balançar ou gritar sem parar?
Esses comportamentos podem estar relacionados à forma como o cérebro dela processa os estímulos sensoriais. E é aí que entra a integração sensorial, um conceito fundamental dentro da Terapia Ocupacional.
A integração sensorial é a capacidade que o nosso sistema nervoso tem de receber, organizar e responder adequadamente aos estímulos vindos do ambiente e do próprio corpo — como sons, cheiros, movimentos, toques, sabores e luzes.
Quando esse processo ocorre de forma fluida, a criança consegue brincar, aprender, se relacionar e desenvolver habilidades com mais facilidade. Mas quando há disfunções na forma de processar esses estímulos, podem surgir dificuldades no comportamento, na atenção, na coordenação motora, na fala ou nas relações sociais.
Por que isso é tão importante na infância?
A infância é a fase em que a criança está descobrindo o mundo através dos sentidos. Um sistema sensorial bem regulado permite que ela explore, aprenda e se desenvolva. Crianças com dificuldades de integração sensorial podem apresentar: reações exageradas a estímulos (hipersensibilidade); pouca resposta a estímulos (hipossensibilidade); atrasos no desenvolvimento motor; agitação ou apatia; dificuldade para se organizar em tarefas simples; e problemas de sono ou alimentação.
Esses desafios, quando não compreendidos, muitas vezes são rotulados como “birra”, “preguiça” ou “desatenção”, o que pode gerar frustração para a criança e para a família.
Na Terapia Ocupacional, realizamos avaliações para identificar os padrões sensoriais da criança e então planejamos atividades terapêuticas específicas que estimulem o cérebro a se organizar melhor diante dos estímulos. Utilizamos recursos como: brincadeiras em balanços, túneis e bolas; materiais com diferentes texturas (espumas, gel, areia, grãos); atividades que envolvem pressão profunda e propriocepção; estímulos vestibulares e táteis controlados; e estratégias de organização sensorial para o dia a dia da família e da escola.
Cada intervenção é feita de forma lúdica e individualizada, respeitando o perfil da criança e suas necessidades reais.
O papel da família e da escola
A parceria com a família e com a escola é essencial. Ao entender os sinais sensoriais da criança, adultos podem ajustar rotinas, evitar sobrecargas e criar ambientes mais seguros e acolhedores, favorecendo o desenvolvimento global da criança.
A integração sensorial é a base para que a criança esteja presente — de fato — no mundo. Quando ela se sente confortável no próprio corpo e em seu ambiente, o aprendizado, o vínculo afetivo e a autonomia florescem.







