
Cada pessoa percebe o mundo de forma única. Enquanto alguns são mais sensíveis a sons, cheiros ou toques, outros parecem precisar de estímulos intensos para se sentirem bem. Essa variação faz parte do que chamamos de perfil sensorial, e compreendê-la é essencial para promover inclusão, bem-estar e respeito, especialmente em casa, na escola e em ambientes coletivos.
Na Terapia Ocupacional, utilizamos o conhecimento sobre perfis sensoriais para ajudar pessoas (especialmente crianças) a se regularem melhor diante do ambiente e das exigências do dia a dia. Mas não basta ajustar o comportamento da pessoa: é o ambiente que também precisa ser adaptado para acolhê-la.
O que são perfis sensoriais?
Perfis sensoriais dizem respeito à forma como o sistema nervoso responde aos estímulos do ambiente. Alguns exemplos:
• Hipersensíveis: se incomodam com luz forte, ruídos, toques inesperados, cheiros intensos ou texturas específicas.
• Hipossensíveis: buscam estímulos constantemente, gostam de movimentos rápidos, toques fortes, barulhos altos, etc.
• Buscadores sensoriais: procuram intensamente determinados estímulos para se organizar.
• Evitadores: evitam ou rejeitam situações que envolvem muitos estímulos sensoriais.
Esses perfis podem estar presentes em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), deficiência intelectual, mas também em qualquer criança ou adulto neurotípico.
Como adaptar o cotidiano?
1. Em casa:
• Crie espaços de acolhimento sensorial, como cantinhos com almofadas, tecidos macios, luz baixa ou objetos táteis.
• Evite sobrecarregar o ambiente com sons altos e músicas agitadas ,cores ou cheiros intensos.
• Use fones abafadores ou óculos escuros se a pessoa se incomoda com som ou luz.
• Inclua pausas sensoriais durante o dia , momentos de silêncio, balanço, atividades com água ou areia.
2. Na escola:
• Permita que a criança use objetos de regulação (bolinhas, elásticos, fidgets).
• Organize a rotina com antecipação visual e atividades graduais.
• Ofereça espaço para movimentar-se sem punições, alguns precisam levantar, andar ou se balançar para se reorganizar.
• Crie ambientes calmos para transição (ex.: após o recreio ou antes das avaliações).
3. Em espaços públicos:
• Respeite o tempo de adaptação em locais novos.
• Evite lugares muito cheios ou com estímulos intensos, quando possível.
• Leve itens de conforto (brinquedos sensoriais, fones, água, etc.).
• Oriente pessoas próximas sobre as preferências sensoriais da criança.
Acolher é adaptar, não forçar
Respeitar os perfis sensoriais não é “fazer tudo do jeito da criança” ou “proteger demais”. É garantir que ela tenha condições reais de participar do cotidiano com conforto, dignidade e desenvolvimento. Quando o ambiente se ajusta às necessidades sensoriais, a criança se sente mais segura, concentrada e aberta para aprender e conviver. A inclusão começa com um olhar que acolhe, e esse olhar se traduz em ações práticas.







