Quando pensamos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), a imagem que nos vem à mente é a de um ambiente voltado para cuidados médicos imediatos e complexos. No entanto, a Terapia Ocupacional também tem um papel essencial nesse cenário, atuando de forma interdisciplinar para preservar a funcionalidade, promover o conforto e preparar o paciente para a reabilitação.
A presença do terapeuta ocupacional na UTI é relativamente recente, mas cada vez mais reconhecida como estratégica. Nossa atuação busca reduzir os impactos da internação prolongada, como fraqueza muscular, desorientação, retraimento social, regressão funcional e sofrimento emocional — tanto para o paciente quanto para a família.
O que o terapeuta ocupacional faz na UTI?
Nosso foco está em manter, recuperar ou adaptar as habilidades do paciente para que ele possa retomar, o quanto antes, atividades significativas e rotinas básicas, respeitando suas condições clínicas. Entre nossas principais ações estão:
• Estimulação cognitiva e sensorial em pacientes sedados ou conscientes;
• Promoção do posicionamento adequado no leito para prevenir deformidades;
• Treino de atividades da vida diária (como se alimentar, escovar os dentes, se comunicar);
• Prevenção da desorientação e do delírio hospitalar, especialmente em idosos;
• Apoio emocional e estratégias de enfrentamento para pacientes e familiares;
• Planejamento de alta hospitalar e orientações sobre adaptações no domicílio.
Os desafios desse contexto
A UTI é um ambiente de alta complexidade e urgência, o que exige do terapeuta ocupacional flexibilidade, comunicação clara com a equipe e sensibilidade clínica. Cada intervenção deve ser segura, adequada ao momento clínico do paciente e, ao mesmo tempo, significativa.
Outro desafio é a fragilidade emocional da família, que muitas vezes se sente perdida diante do estado de saúde do ente querido. O terapeuta ocupacional, ao propor atividades simples, como reconhecer um objeto familiar, escutar uma música preferida ou segurar uma escova de dentes , oferece não apenas estímulo, mas esperança e humanização.
A importância do olhar funcional
Enquanto os médicos cuidam da estabilização, nós olhamos para a pessoa por trás da doença: suas memórias, suas ocupações, seus desejos. Mesmo em meio a tubos, monitores e protocolos, buscamos manter viva a identidade e a dignidade daquele ser humano.
A atuação precoce da Terapia Ocupacional na UTI é um passo valioso para uma reabilitação mais eficaz, com menos sequelas e mais qualidade de vida após a alta.