Na jornada da maternidade atípica, há dores que nascem não apenas do que se vive — mas também do que se acredita que deveria ser vivido. São as expectativas. Os ideais. Os mitos. Aquilo que se ouviu desde cedo: Que mãe não cansa. Que mãe dá conta. Que mãe sabe o que fazer.
Mas e quando tudo isso não se encaixa na realidade?
E quando o cansaço é maior que o amor num dia difícil?
E quando a dúvida, o medo e a tristeza tomam conta?
Será que ainda é permitido se chamar de mãe?
Esses mitos — da mãe forte, da mãe que não reclama, da mãe que não erra — são construções sociais que adoecem, silenciam e afastam mulheres de si mesmas. E para a mãe atípica, que já enfrenta tantos desafios fora do esperado, esses mitos se tornam ainda mais cruéis. Porque ela precisa ser tudo… para um filho que o mundo nem sempre compreende.
Mas a verdade é que não existe mãe perfeita.
Existe mãe presente.
Existe mãe real.
Existe mãe que chora escondido, que sente culpa, que às vezes quer fugir — e que ainda assim, volta. Cuida. Ama.
Desconstruir esses mitos não é abandonar a maternidade.
É ressignificá-la.
É entender que se permitir ser humana é, também, uma forma de amar com mais verdade.
Que toda mãe — inclusive a mãe atípica — tem o direito de se sentir cansada, confusa, contraditória.
E que não há vergonha alguma nisso.
Na próxima coluna, encerraremos o assunto, falando sobre a culpa materna — esse sentimento tão comum, mas tão pouco compreendido — e sobre como transformá-la em compaixão por si mesma.
Até lá, que você se permita ser real.
Porque ser real… é o mais bonito dos amores.