
Se na última coluna conversamos sobre o que é regulação emocional e por que esse processo pode ser mais desafiador para crianças com deficiência, agora avançamos para o como fazer. O brincar como já dito nas colunas anteriores é uma das formas mais naturais, potentes e acessíveis de ajudar a criança a desenvolver consciência emocional, tolerância à frustração e autonomia. A seguir, algumas propostas lúdicas simples, mas cheias de possibilidades terapêuticas.
1. Brincadeiras de pausa e movimento
Atividades que alternam ação e parada, como “estátua”, “siga o mestre” ou dançar e congelar quando a música para, ajudam a trabalhar o controle inibitório. A criança precisa esperar, controlar impulsos e ajustar seu corpo, aprendendo a desacelerar quando necessário.
O que desenvolve: autocontrole, atenção, organização corporal e autorregulação.
2. Massinha, pintura e areia cinética
Materiais sensoriais são excelentes para crianças que têm dificuldade em reconhecer sensações internas e se autorregular. Amassar, apertar, esfarelar ou deslizar o pincel permite descarregar tensão, explorar texturas e expressar sentimentos sem a necessidade de palavras.
O que desenvolve: expressão emocional, organização sensorial, redução da ansiedade.
3. Histórias com personagens emocionados
Contar histórias simples em que os personagens sentem raiva, alegria, medo ou tristeza ajuda a criança a identificar emoções e fazer associações com a própria vida. Depois da história, o adulto pode perguntar: “Quando você já se sentiu como esse personagem?”
O que desenvolve: nomeação das emoções, empatia, compreensão das próprias experiências.
4. Jogos de regras
Dominó, memória, pega-varetas, jogo da velha ou até jogos mais simples criados em casa ensinam a esperar, negociar e lidar com resultados inesperados. Quando a criança perde, por exemplo, abre-se uma oportunidade de acolher e ensinar estratégias de enfrentamento.
O que desenvolve: tolerância à frustração, planejamento, flexibilidade cognitiva.
5. Brincadeiras simbólicas (faz de conta)
Casinha, médico, mercado, bonecos ou teatrinhos permitem que a criança represente situações reais e expresse medos, desejos e conflitos internos. O adulto não precisa dirigir a brincadeira, apenas acompanhar com sensibilidade.
O que desenvolve: elaboração emocional, criatividade, autonomia e comunicação.
6. Circuitos motores simples
Pular, rolar, passar por baixo da cadeira, fazer túneis com cobertores… Essas atividades trabalham corpo e mente ao mesmo tempo. Crianças que têm dificuldade de se regular se beneficiam muito de brincadeiras que organizam o movimento.
O que desenvolve: regulação corporal, organização interna, percepção de limites.
Brincar não é um luxo na infância mas sim uma necessidade. Quando o adulto oferece tempo, observa e acolhe, cada brincadeira se transforma em uma oportunidade de fortalecer habilidades que acompanharão essa criança por toda a vida.







