O que é Terapia Ocupacional e como ela transforma vidas?

Você já se perguntou como uma criança com autismo aprende a se vestir sozinha? Ou como uma pessoa que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) consegue voltar a escrever, cozinhar ou cuidar de si? Como uma pessoa com deficiência visual consegue sentar na mesa , e alimentar-se sozinha? Essas são apenas algumas das situações em que a Terapia Ocupacional entra como uma ponte entre as limitações e a autonomia.

A Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde que atua diretamente com a autonomia e funcionalidade do ser humano em todas as fases da vida. O terapeuta ocupacional avalia as capacidades e dificuldades de uma pessoa e, por meio de atividades significativas — que vão desde o brincar até o trabalho — promove a reabilitação física, cognitiva, sensorial, emocional e social.

Mais do que recuperar funções, transformamos rotinas. A atuação se estende desde hospitais e unidades de terapia intensiva até escolas, domicílios, instituições como as Apaes e centros de reabilitação. O objetivo é um só: permitir que cada pessoa realize, com o máximo de independência possível, suas atividades do dia a dia — aquilo que chamamos de “ocupações”.

Em minha trajetória como terapeuta ocupacional, tive a oportunidade de trabalhar em contextos desafiadores, como Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), centros de reabilitação física e visual, e no atendimento de crianças com autismo e deficiência intelectual. Cada ambiente me ensinou que não existe um protocolo único, mas sim a escuta sensível e a adaptação individual.

No contexto da Apae, por exemplo, acompanho crianças neurodivergentes que enfrentam desafios para se comunicar, para se alimentar ou interagir socialmente. A partir de abordagens como técnicas de estimulação sensorial e técnicas lúdicas (o brincar como recurso terapêutico ) trabalhamos conquistas que muitas vezes parecem pequenas, mas são gigantescas para aquela criança e sua família.

Já em unidades hospitalares ou centros de reabilitação física, o foco está na recuperação das funções perdidas após acidentes, lesões neurológicas ou enfermidades graves. A Terapia Ocupacional ajuda a devolver a funcionalidade dos braços, das mãos, do raciocínio e da autoconfiança, oferecendo estratégias práticas, uso de tecnologias assistivas ou adaptações no ambiente.

É importante destacar que o trabalho do terapeuta ocupacional também passa pela promoção da saúde mental, da inclusão escolar, da acessibilidade e da participação social. Atendemos pessoas com transtornos mentais, idosos com Alzheimer, jovens com deficiências múltiplas ou adultos em sofrimento psíquico, sempre respeitando sua história, seus limites e potenciais.

Portanto, a Terapia Ocupacional não é apenas uma profissão — é um compromisso com a dignidade e com o direito de viver plenamente. Transformar vidas é possibilitar que cada indivíduo se reconheça capaz, seja ao dar o primeiro passo, segurar um lápis ou dizer “eu consigo”.

Na próxima coluna, vamos falar sobre a atuação da Terapia Ocupacional com crianças com autismo: quais estratégias usamos, como funciona o processo e o que as famílias podem esperar. Até lá!

Receba outras notícias pelo WhatsApp. Clique aqui e entre no grupo do Além da deficiência.

RECOMENDADAS PARA VOCÊ​

Rolar para cima