O que limita não é a condição, mas o ambiente que não acolhe

Um convite a repensar o que de fato impede alguém de participar do mundo. Quando falamos em deficiência, muitas vezes pensamos imediatamente no que está “faltando”, no que não funciona, no que a pessoa não consegue fazer. Mas e se mudássemos essa lente?

Segundo a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), da Organização Mundial da Saúde (OMS), deficiência não é uma característica apenas do indivíduo. Ela é o resultado da interação entre a condição corporal da pessoa e as barreiras do ambiente onde ela vive.

Em outras palavras, o que causa limitação não é a deficiência em si, mas a falta de acessibilidade, compreensão e acolhimento.

Uma criança cadeirante não é “incapaz” por usar uma cadeira de rodas. Mas se a escola não tiver rampas, se a comunidade não tiver empatia, se o transporte for inacessível… então sim, ela será impedida de participar. E é aí que nasce a exclusão. O mesmo vale para deficiências intelectuais ou sensoriais.

Uma criança com deficiência intelectual pode aprender, comunicar-se, socializar… desde que o ambiente seja adaptado às suas formas de entender o mundo. Mas se for exigido que ela funcione como todas as outras, ignorando suas particularidades, será lida como “incapaz”.
E isso não é limitação dela. É da sociedade.

Por isso, mais do que perguntar “qual a deficiência dessa criança?”, precisamos perguntar: “quais barreiras estão impedindo essa criança de viver com dignidade?” Essa é uma virada essencial: Deixamos de enxergar corpos e mentes como “falhos” e passamos a enxergar um sistema que precisa urgentemente ser mais inclusivo.

A deficiência só se torna obstáculo quando o mundo não está pronto para acolhê-la. Que esta seja nossa tarefa: reconhecer as barreiras — físicas, sociais, atitudinais — e começar a derrubá-las. Para que todos, absolutamente todos, tenham o direito de existir com autonomia, valor e pertencimento.

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