Nem todo mundo aprende a andar, falar, ler ou se relacionar da mesma forma ou no mesmo tempo. Isso não significa que há algo errado — apenas que existem muitos jeitos possíveis de crescer, aprender e se expressar. É aí que entra o conceito de desenvolvimento atípico.
O que é desenvolvimento atípico? Quando falamos em desenvolvimento humano, costumamos ter como referência um “padrão”: a maioria das crianças começa a andar por volta de 1 ano de idade, a falar por volta de 2 anos, e assim por diante. Mas nem todos seguem essa mesma linha do tempo. O desenvolvimento atípico acontece quando uma pessoa se desenvolve de forma diferente do esperado em aspectos como: movimento (coordenação motora); linguagem (fala e comunicação); comportamento; atenção, memória e aprendizado; além de relacionamento com outras pessoas.
Essas diferenças podem ser percebidas desde a infância ou só mais tarde, e podem ter muitas causas: genéticas, neurológicas, ambientais ou uma combinação de vários fatores.
Neurodivergência e deficiências: não são “erros”, são formas diferentes de ser
Hoje, usamos o termo neurodivergência para falar sobre cérebros que funcionam de maneira diferente do que é considerado típico. Isso inclui pessoas com autismo, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, entre outras. Já o termo deficiência é usado quando essas diferenças causam barreiras no dia a dia — não por serem um “problema” em si, mas porque a sociedade muitas vezes não está preparada para acolher todas as formas de ser e aprender.
Por exemplo: uma criança autista pode ter dificuldade em manter contato visual ou compreender regras sociais, mas pode ter uma memória incrível ou foco profundo em assuntos que ama. O que ela precisa não é “conserto”, e sim apoio, acolhimento e respeito à sua forma única de ver o mundo.
Cada pessoa tem seu jeito de aprender. É importante lembrar que cada pessoa aprende e se desenvolve de um jeito próprio. Pessoas com deficiência física, paralisia cerebral ou síndromes genéticas, por exemplo, podem ter formas diferentes de se mover, se comunicar ou se expressar — e isso influencia o jeito como aprendem e interagem. A chave é entender que diferença não é sinônimo de limitação. Quando oferecemos os apoios certos e respeitamos o tempo de cada um, promovemos participação, autonomia e bem-estar.
Falar sobre isso é parte da inclusão. Usar uma linguagem clara e respeitosa para falar sobre neurodiversidade, deficiências e singularidades é um passo essencial para uma sociedade mais justa. Isso significa: não tratar a diferença como “anormal”; evitar rótulos que excluem ou limitam; ouvir quem vive essas experiências; além de adaptar o ambiente para incluir, e não excluir.
Desenvolvimento atípico não é um defeito — é apenas uma forma diferente de crescer, aprender e existir. Quando entendemos e valorizamos as muitas formas de aprender, damos espaço para que todos se desenvolvam com dignidade e respeito. Ser diferente é parte da condição humana. E incluir é reconhecer, acolher e aprender com essas diferenças.