Culpa.
Uma palavra pequena… mas que pesa como se tivesse milhares de significados guardados dentro.
Pesa nos ombros, no peito, no olhar.
Pesa quando a gente deita e pensa que poderia ter feito diferente.
Pesa quando o filho chora, quando não alcança o que esperávamos, quando o mundo não acolhe.
A culpa é uma companheira silenciosa de muitas mães, e na maternidade atípica, ela costuma chegar cedo e se instalar fundo.
Ela aparece quando nos comparamos. Quando achamos que deveríamos ter percebido antes, agido antes, aceitado mais rápido, feito mais terapia, mais estimulação, mais calma, mais paciência.
Ela diz, com voz mansa e cruel:
“Você não está fazendo o suficiente.”
E por mais que façamos tudo… ela insiste.
Mas o que muitas mães ainda não ouviram é:
a culpa nem sempre fala a verdade.
Às vezes, ela vem do amor — distorcido pelo medo.
Outras vezes, do cansaço.
E, muitas vezes, de um padrão inatingível que tentamos seguir.
Mas nenhuma mãe é perfeita. Nenhuma mãe consegue tudo.
E isso não significa que você é menos mãe.
Significa apenas que você é humana.
Trabalhar a culpa é um dos maiores atos de cuidado que uma mãe pode fazer por si — e, por consequência, por seu filho.
Porque quando a culpa ocupa menos espaço, entra mais leveza.
Mais presença.
Mais verdade.
Na próxima coluna, vamos dar início a um novo movimento:
falar sobre as deficiências em si — suas particularidades, seus desafios e suas potências.
Vamos olhar para além do rótulo e nos aproximar do que realmente importa:
as histórias, os sujeitos, as possibilidades.
Porque compreender a deficiência é também uma forma de compreender o amor, o cuidado e a humanidade de quem vive — e de quem cuida.
Até lá, cuide de si com a mesma ternura que você oferece ao outro.