Reabilitação Física e Visual: como ajudamos pessoas a recuperar funções após acidentes, lesões ou deficiência

A perda de habilidades físicas ou visuais pode transformar profundamente a rotina de uma pessoa. Atividades simples como escovar os dentes, caminhar, cozinhar ou se vestir tornam-se desafiadoras — e, muitas vezes, emocionalmente dolorosas. É nesse cenário que a Terapia Ocupacional entra como uma aliada poderosa no processo de reabilitação.

O trabalho do terapeuta ocupacional é promover a recuperação funcional e a autonomia do indivíduo, seja ele adulto, idoso ou criança. Após um Acidente Vascular Cerebral (AVC), um trauma, uma lesão medular ou o avanço de uma deficiência visual, nosso papel é entender o que aquela pessoa precisa fazer no seu dia a dia e como podemos ajudá-la a voltar a executar essas tarefas com o máximo de independência possível.

Em minha experiência no Centro Especializado em Reabilitação (CER III) de Tenente Portela (RS) e em clínicas de reabilitação como a Reabilitare, acompanhei histórias marcantes de superação. Pessoas que chegaram sem conseguir se alimentar sozinhas, com dificuldade para manter o equilíbrio ou que haviam perdido a visão, e que, com acompanhamento terapêutico, reconquistaram o prazer de viver com autonomia.

Para cada caso, desenvolvemos um plano terapêutico individualizado. No campo da reabilitação física, utilizamos exercícios que estimulam o controle motor, o equilíbrio, a força muscular, a coordenação motora fina e global. Também trabalhamos com atividades significativas, como dobrar roupas, cortar alimentos, usar utensílios ou treinar a marcha, para que o indivíduo volte a se reconhecer como capaz.

Quando falamos de deficiência visual, o objetivo é ensinar a pessoa a reorganizar sua rotina com segurança. Técnicas de orientação e mobilidade, treino em atividades da vida diária (AVD), treino para uso de bengalas, adaptação de objetos e recursos como lupa para baixa visão , braille ou softwares de leitura fazem parte do processo.

Além disso, promovemos a reabilitação cognitiva, principalmente quando há comprometimentos como perda de memória, dificuldade de atenção ou desorientação, comuns após quadros neurológicos.

Mas o cuidado vai além do corpo: trabalhamos também com o emocional. Luto pela perda funcional, medo de cair, insegurança e baixa autoestima são questões reais enfrentadas por quem está em reabilitação. A Terapia Ocupacional oferece apoio psicossocial e estratégias para que a pessoa resgate sua identidade e volte a ocupar seu espaço no mundo.

A família também é envolvida nesse processo. Ensinar os cuidadores a apoiar, sem tirar a autonomia, é fundamental para que os ganhos terapêuticos se mantenham em casa e no cotidiano. A reabilitação é um caminho possível — e a Terapia Ocupacional é uma ponte segura entre a limitação e a possibilidade. Recuperar funções é devolver dignidade.

Na próxima semana, vamos falar sobre a importância da estimulação sensorial no desenvolvimento infantil. Até lá!

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