Muitas vezes, os termos “síndrome” e “deficiência” são lidos ou usados como se fossem sinônimos. Mas não são. E entender essa diferença é essencial para que possamos falar com mais respeito, consciência e sensibilidade sobre o universo da pessoa com deficiência.
Síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem juntos e que, em geral, têm uma causa comum — geralmente genética, mas nem sempre. Ela não implica, necessariamente, em uma deficiência. Existem síndromes que afetam aspectos físicos, emocionais ou metabólicos, sem comprometer a cognição ou a funcionalidade da pessoa.
Já a deficiência se refere a uma limitação significativa em alguma área do desenvolvimento humano — seja ela intelectual, física, sensorial ou múltipla. A deficiência intelectual, por exemplo, envolve limitações nas habilidades cognitivas e adaptativas.
E onde essas duas realidades se encontram?
É comum que algumas síndromes estejam associadas a deficiências, como é o caso da síndrome de Down, que pode apresentar, entre outras características, um rebaixamento intelectual em diferentes graus. Mas isso não significa que toda síndrome seja uma deficiência, ou que toda deficiência esteja ligada a uma síndrome.
Um exemplo importante:
A síndrome de Asperger (dentro do espectro autista) é uma síndrome do neurodesenvolvimento que pode não apresentar deficiência intelectual, apesar de trazer desafios significativos na socialização e comunicação. Por outro lado, uma criança pode apresentar deficiência intelectual sem ter qualquer síndrome identificada.
Ao compreendermos essas distinções, deixamos de olhar apenas para o diagnóstico e passamos a enxergar o sujeito por trás dele, com histórias únicas, jeitos próprios de existir no mundo, ritmos, potências e fragilidades que não cabem em uma definição fechada.
E é justamente ao reconhecer essas diferenças que conseguimos encontrar caminhos mais sensíveis de cuidado. Compreendemos como podemos acolher, incluir e apoiar cada um em sua singularidade.
Porque, antes de qualquer termo, existe uma pessoa. E ela merece ser reconhecida com verdade e humanidade.