As telas já fazem parte da vida de todos nós. Estão nos bolsos, nas mochilas, nas salas de aula e até nos momentos de lazer em família. Como pedagoga, não vejo sentido em pensar a educação como um lugar “livre de telas” ou como se a tecnologia fosse, por si só, uma vilã. O desafio está em como usamos esses recursos e em que medida eles contribuem para a formação integral das pessoas, com e sem deficiência.
O excesso de tempo diante de celulares, tablets ou televisores pode trazer prejuízos para o desenvolvimento cognitivo, motor e socioemocional, especialmente em crianças pequenas. A infância precisa de experiências corporais, do brincar livre, do contato com a natureza e da interação face a face. Nenhuma tela substitui a riqueza de explorar texturas, cheiros, sons e movimentos.
Por outro lado, as telas também podem ser ferramentas poderosas de inclusão e aprendizagem. Para muitos estudantes com deficiência, recursos digitais e aplicativos de acessibilidade ampliam a comunicação, favorecem a autonomia e garantem participação em atividades que, de outra forma, seriam limitadas. É preciso reconhecer que a tecnologia pode ser ponte — desde que usada de maneira crítica e planejada.
A pedagogia nos convida a refletir sobre equilíbrio. Não basta apenas proibir ou liberar o uso das telas: é necessário orientar, mediar e contextualizar. Quando usamos vídeos, jogos educativos ou plataformas digitais em sala de aula, precisamos garantir que estejam a serviço de objetivos pedagógicos claros e que dialoguem com as experiências concretas dos estudantes.
O papel do adulto — seja educador, cuidador ou família — é fundamental. Cabe a nós modelar o uso consciente das telas, estabelecer limites saudáveis e, sobretudo, oferecer alternativas ricas de convivência, cultura e ludicidade. Portanto, não se trata de ver as telas como boas ou más. Trata-se de colocá-las no devido lugar: como ferramentas que podem apoiar, mas jamais substituir, o que nos torna humanos — a interação, o afeto, o movimento e a experiência vivida no mundo real.