1ª Feira Literária da Pessoa com Deficiência é realizada em SP Foram 15 editoras e 24 autores espalhados em eventos durante três dias. O escritor Marcelo Rubens Paiva esteve presente como embaixador

O escritor Marcelo Rubens Paiva. – Foto: Lucas Seixas/Folhapress/Divulgação

Uma feira literária inédita, que tem como foco pessoas com deficiência, foi realizada em São Paulo na última semana. Foram 15 editoras e 24 autores espalhados em eventos durante três dias. A Feira Literária da Pessoa com Deficiência (Fliped) contou com o escritor Marcelo Rubens Paiva, de 66 anos, como embaixador.

Para Marcelo, a feira é o tipo de evento que faltava na cidade São Paulo. “É fantástico juntar a feira literária com um evento cultural dessa magnitude, apoiado pela prefeitura. Ainda mais no Centro Cultural, que é um lugar tão icônico de São Paulo, um dos primeiros lugares a serem adaptados para cadeirantes, onde eu inclusive estreei a peça “Feliz Ano Velho”, afirma.

O autor fez a abertura do evento com sua banda Lost in Translation, com um repertório que passeia entre o rock e o folk, no Centro Cultural São Paulo, localizado na Liberdade. “Vou tocar com a minha banda, liderada por um cadeirante, que canta, toca gaita, declama, compõe. Não estou apenas como cadeirante escritor, mas como cadeirante artista, ativista. Acho que esse é um caminho que muitos cadeirantes, pessoas com deficiência auditiva e visual têm percorrido no mundo, de declamar, de cantar.”

Para a secretária municipal da Pessoa com Deficiência de SP, Silvia Grecco, embora Marcelo tenha feito fama como escritor, ele tem uma longa história de atuação com a inclusão e com os direitos da pessoa com deficiência. “Ele fez parte do Centro de Vida Independente, movimento que reunia diversas pessoas com deficiência que fez muito pela inclusão e acessibilidade na cidade de São Paulo. Ele tem uma história que por si só nos faz dar esse reconhecimento. O Marcelo é um escritor reconhecido no mundo, deu visibilidade à causa. Queremos exaltar não só suas obras, mas sua história”, afirmou.

Como domingo (21), foi celebrado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, a feira literária foi escolhida como um dos pontos de celebração para o momento. “O lugar da pessoa com deficiência é em todos os lugares e é também na literatura. Temos diversos autores que falam sobre o tema e também autores com deficiência. Queremos dar visibilidade a isso, explorar esse aspecto, que tem uma demanda muito grande”, declarou Silvia.

A feira literária contou com palestras, rodas de conversa, oficinas e apresentações culturais que criaram oportunidades de aprendizado, troca de experiências e incentivo à leitura para todos os públicos. Entre as atrações, jovens escritores com síndrome de Down, do programa de autodefensores e autogestores do Instituto Simbora Gente apresentaramm o projeto colaborativo “Vamos Montar Uma Banda”, que celebra a diversidade de sentidos, a criatividade e a potência das histórias compartilhadas.

O evento, realizado em parceria com as secretarias municipais da Pessoa com Deficiência, de Cultura e Economia Criativa e de Educação, com o apoio da Academia Paulista de Letras, garantiu recursos de acessibilidade comunicacional, como interpretação em Libras, audiodescrição e materiais em formatos acessíveis, para que todas as pessoas pudessem participar plenamente.

A ideia da programação foi também discutir o capacitismo, que é o preconceito contra pessoas com deficiência, estimular novos autores a criarem suas obras e chamar atenção para ampliação de acessos e oportunidades para esse grupo social. “É um momento histórico. Queremos incentivar a todos que gostam de literatura a virem, a pensarem nos livros como ferramenta de cidadania. Vai ser uma troca importantíssima para todos”, declarou Silvia.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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