Terapia Ocupacional e o Autismo: estratégias para a rotina e desenvolvimento infantil

O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (Tea) traz muitas dúvidas e inseguranças para a família. Como será o desenvolvimento? Ele conseguirá se comunicar? Vai conseguir se adaptar na escola? A Terapia Ocupacional tem um papel fundamental nesse caminho, atuando para ajudar a criança a conquistar autonomia, participar das atividades do dia a dia e desenvolver habilidades que impactam diretamente na qualidade de vida.

Os primeiros sinas podem vir com sintomas comuns que muitas vezes passam despercebidos, entre eles podemos citar a dificuldade de interação social, falta de interesse no brincar, as vezes preferem somente tirar os brinquedos fora da caixa e ficar olhando, tendo dificuldade em dar função para o mesmo. Dificuldade no desfralde, atraso na linguagem, dificuldade em manter contato visual, não atende quando chamado. Prefere andar nas pontas dos pés, apego excessivo a objetos, podem apresentar dificuldade em sair da rotina e transtorno no processamento sensorial. Como exemplos: Não gosta de balanços, não gosta de sujar as mãos, não aceita o toque, barulhos altos incomodam, mastiga escova de dente, excessivamente seletivo na alimentação.

Na prática clínica, principalmente em minha atuação na Apae de Laguna e em atendimentos particulares realizado na Ecosonhos, percebo que cada criança com autismo é única. Não existe um único método ou fórmula mágica. Por isso, o trabalho do terapeuta ocupacional começa com uma avaliação cuidadosa do perfil sensorial, motor, cognitivo e emocional da criança, sempre em parceria com a família e a equipe multidisciplinar.

Entre as abordagens mais eficazes, destaco o uso de técnicas de estimulação Sensorial, que busca ajudar crianças com dificuldades em processar e organizar estímulos do ambiente, como sons, luzes, texturas ou movimentos. Uma criança que se assusta facilmente com barulhos, evita contato físico ou tem comportamentos repetitivos pode se beneficiar de atividades planejadas para regular essas respostas sensoriais, favorecendo a concentração e a interação social.

Outro pilar importante do nosso trabalho é o “brincar”, dar função para o mesmo, dessa maneira, brincando se aprende, da estrutura para o ensino de habilidades sociais, de autocuidado de forma gradual e positiva. No consultório ou na escola, trabalhamos desde ações simples, como apontar objetos ou olhar nos olhos, até tarefas mais complexas, como vestir-se, alimentar-se ou brincar de forma simbólica.

O brincar, aliás, é a linguagem mais poderosa da criança e também uma das ferramentas centrais da Terapia Ocupacional. Através do brincar orientado, criamos oportunidades para desenvolver habilidades motoras finas (como pegar lápis e encaixar peças), motoras globais (como equilíbrio e coordenação) e cognitivas (como seguir instruções e solucionar problemas), desenvolver nova habilidades que influenciam diretamente na rotina diária.

É importante também empoderar a família, ensinando estratégias para aplicar em casa, na escola e em situações do cotidiano, pois a consistência do ambiente é fundamental para o sucesso do tratamento. Pequenas adaptações na rotina ou no ambiente doméstico podem fazer uma enorme diferença.

Vale lembrar que o foco da Terapia Ocupacional não é “normalizar” a criança, mas sim ajudá-la a alcançar o máximo de sua independência, sempre respeitando suas características e potencialidades. Cada conquista, por menor que pareça, representa um grande passo para a autonomia e a inclusão social.

Na próxima coluna, vamos falar sobre a atuação da Terapia Ocupacional na reabilitação física e visual: como ajudamos pessoas a recuperar funções após acidentes, lesões ou deficiências. Não perca!

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